segunda-feira, 30 de março de 2009

A Vida Como Ela é

OFICINA DE REDAÇÃO CRIATIVA

PROF.: ANA ARAÚJO

O Dr. Rogério Marinho é um médico muito conceituado no Posto do SUS em que trabalha, num bairro proletário. Ele é pontual e atencioso com a clientela, mas toda vez que se defronta com seus problemas, sofre por não poder resolvê-los e são tantos os que aparecem no seu cotidiano!
Dentre eles, um paciente, o ODORICO, cujo nome já contém as duas palavras: dor e rico. A primeira, seu sofrimento e a segunda um contraste da sua pessoa: além de sofrido, pobre. Ele o procurava quase diariamente, queixando-se dos seus males e das dificuldades para conseguir os medicamentos receitados.
Naquele último dia, Odorico parecia estar acanhado e disse:
Dr. Rogério, me desculpe de sempre trazer-lhe meus problemas, mas prometo que esta será a última vez que o incomodo. Desta vez o aconselhei a ir a um hospital bem aparelhado, encaminhando-o mesmo a um colega especialista em sua doença, pois a medicina moderna, com tecnologia avançada é que completa o diagnóstico que, em certos casos, é ainda uma permanente questão para o médico.
Até que não se contendo, desabafou com a sua auxiliar:
- Veja só este paciente que acabei de atender: o Odorico!
Ele me atormentou tantas vezes, me pede desculpas e diz ser a última vez!
“Mas não foi a ultima vez. Todos os dias ele surgia, repentinamente, súplice e ameaçador, caminhando ao meu lado, arruinando a minha saúde, dizendo: é a última vez doutor! mas nunca era. Minha pressão subiu ainda mais, meu coração explodia só de pensar nele. Eu não queria mais ver aquele sujeito, que culpa eu tinha de ele ser pobre.”
Ao lhe entregar as amostras grátis, que sabia serem insuficientes para seu tratamento e, que Odorico deveria comprar as outras doses necessárias à sua cura, veio-me à memória o menino pobre que se formou em medicina, graças a sua família pertencente à chamada “pobreza envergonhada” da época. Seu pai trabalhava na farmácia da cidadezinha e recebia um salário que mal dava para sustentar a todos. Sua mulher com empadinhas saborosas e os três filhos que as vendiam nas redondezas, é que supriam o que faltava para eles.
Meu pai, continuou o Dr. Rogério,grande conhecedor das ervas medicinais existentes na região, preparava xaropes e mezinhas para os pobres coitados que iam à farmácia, sem dinheiro, para comprar o remédio receitado pelo doutor do posto médico, a fim de minorar-lhes o sofrimento e lhes dar um novo alento.
_ Porque nós, médicos deste posto, não mudamos nossa atuação sobre os Odoricos que nos procuram, e são tantos! Poderíamos tentar um atendimento melhor, num trabalho de equipe, em que cada doente fosse visto por todos, para desta maneira,encontrar o melhor tratamento para cada um,pensou o Dr.Rogério.

Texto escrito a quatro mãos po: Leonor Garcia Cunha e Therezinha de Jesus de A. Cunha .Nele foi inserido um parágrafo entre aspas, sugerido pela professora Ana e que deveria fazer parte do texto.

Teresópolis,24 de março de 2009