segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Melhor Lugar Para Morar

O melhor lugar para morar

Na minha infância e juventude, durante os anos 30 a50, os casarões da zona Norte do Rio de Janeiro atraíam as famílias grandes para os bairros de Vila Isabel, Maracanã e Tijuca, onde as casas possuíam peças confortáveis e ainda jardim e pomar para as inúmeras crianças das famílias brincarem, sem perigo, dentro das próprias residências.
Nos jardins os pequenos gostavam de descobrir as singelas violetas escondidas sob as folhas finas dos buquês e catar pés de hortelã para mastigar as folhas: as preferidas eram as menores pelo seu sabor meio ardido, que deixava a boca fresca e perfumada. No pomar, subir nas mangueiras altas e copadas era uma brincadeira muito apreciada pelos mais levados , que sofriam acidentes, uns leves , outros mais graves.
Com o aumento da população, apartamentos começaram a ser construídos substituindo os casarões. As famílias diminuídas pela guerra e com mais dificuldades para viver passaram a ocupar essas habitações menores.
A atração exercida pelas praias, nas quais as enormes extensões de areia produziam a alegria de viver ao ar livre em plena liberdade, provocou a migração das famílias para a beira-mar aconselhada pelos pediatras, como o melhor lugar para curar algumas doenças infantis tais como a infecção na garganta, a bronquite e a asma que muita preocupação causavam aos pais.
Esta mudança me fez criar o hábito de levar meus filhos à praia, diariamente, mesmo com o tempo diminuído pelo trabalho em casa e na escola.
Fazer longas caminhadas com a água batendo nos pés, era um prazer que poucos podiam gozar na época. Sentar nos bancos de pedra na calçada, e apreciar o horizonte onde o céu e o mar se encontravam e pareciam cair logo após sua curva,era o melhor espetáculo do entardecer.
Finalmente, a descoberta da montanha, após um percurso de duas ou mais horas de carro em estrada de terra e areia, no começo, fez-nos acreditar numa vida sem violência, num lugar onde poderíamos viver sem sustos numa casa em centro de terreno ou num apartamento com terraço, onde cultivar um jardim,era o prazer maior.
Todas estas mudanças me levaram a concluir que a melhor morada para mim é o meu próprio corpo, lugar em que deposito o amor , a dignidade, a autonomia, a saúde e a alegria de viver que gosto de compartilhar com o meu próximo, que como eu se sente templo do nosso Deus.
É neste corpo que quero morar apreciando a beleza da criação divina à minha volta , junto com meus entes queridos

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Solidariedade

Solidariedade, fraternidade, generosidade, amizade, amor são os vários aspectos do único objetivo que o homem terá de alcançar em favor da humanidade. Tal objetivo dependerá da maneira como o homem se vê no mundo em que está inserido.
Solidariedade, em alguns casos, como o da China, onde morreram quarenta mil pessoas no momento em que o terremoto se abateu sobre cidades , destuindo-as inteiramente, onde a água e o alimento desapareceram exigindo uma solidariedade imediata, sem perda de um segundo na remessa de víveres,água, medicamento e gente para ajudar a salvar vidas e reconstruir cidades , aldeias, casas a fim de se retomar a vida sem perda de tempo.
No entanto, de um modo geral fora dos cataclismas que assolam o planeta, levando-nos ao horror da destruição total, verificamos quanto é individualista e efêmera a solidariedade não nos permitindo acreditar na fraternidade proposta por Luther King ou Madre Teresa de Calcutá como a única saída para o nosso planeta.
È preciso que todos acreditem que somente o homem num esforço conjunto será capaz de salvar a humanidade, prosseguindo,desde ja,´com amor o que alguns deram início. Aqueles que precisam e desejam ser beneficiários, sem perder a dignidade adquirida ao abraçar o trabalho proposto em atividades como a reciclagem do lixo em que muitos trabalharam e puderam dizer: enfeitei para o Natal a minha cidade, recolhendo e selecionando garrafas Pet e fiquei orglhoso com o brilho dos enfeites colocados em árvores e postes de luz ...
Esta solidariedade praticada por muitos em benefício de toda a humanidade, é a minha esperança de ver a Amazônia , indiscutívelmente brasileira, transformada em celeiro do mundo, oferecendo seus benefícios a todos sem distinção de raça,cultura ou religião.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A NOVA MULHER

A NOVA MULHER

Tenho quarenta anos. Casei-me aos vinte e cinco e tenho dois filhos com dez e doze anos. Sou uma mulher muito querida. Meu marido sai cedo para trabalhar, deixa os meninos na escola, enquanto permaneço em casa, para usar o computador, preparando as minhas atividades profissionais. Lembrando-me dos meus tempos de menina, constato como era diferente a rotina na casa de meus pais. Minha mãe, depois de nos deixar no ônibus escolar, voltava para suas tarefas domésticas enquanto aguardava a empregada. Meu pai retornava na hora do jantar,quando as cobranças de cada lado aconteciam, com pouca ou nenhuma pergunta sobre o que vivêramos no dia que terminava.
Hoje em dia o papel masculino mudou bastante. Ao invés do provedor, que trabalha o dia inteiro fora para ganhar o suficiente para o sustento familiar, reparte com sua mulher as várias tarefas da casa como lavar a louça, varrer, botar a roupa na máquina, ajudar os meninos na hora do estudo e das brincadeiras, sem nenhum constrangimento de sua parte. Na hora do jantar, conversamos sobre o que aconteceu no dia que acabamos de viver.
O que provocou tal mudança?
O desaparecimento da mulher submissa, obediente, substituída por uma outra, independente, atuante e que expõe seu pensamento sobre o que acontece em sua casa e no mundo, é a mola propulsora dessa mudança.
Na nova maneira de viver em família, em que todos se dão as mãos, esquecendo as diferenças que possam separar, sobretudo no que diz respeito ao papel do pai prepotente, dono de uma verdade única e que deve ser obedecida sem restrições, favorecem a harmonia da convivência diária., dentro de casa.

Therezinha de Jesus Cunha

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O Poder do Sonho

O PODER DO SONHO

Este ano, no carnaval que passou, lancei um olhar novo à festa que acontece todo início de ano na cidade do Rio de Janeiro, abençoada pelo Cristo Redentor.

A empolgação e o delírio que tomam conta das pessoas, cantando, dançando, exibindo-se no meio da multidão de espectadores que repetem o que vêem, me pareceu mais que um simples extravazar de sentimentos vistos como exacerbação da carne, mas
um sonho perseguido o ano todo por um trabalho sério realizado por mãos e cabeças que criam e se mantêm unidas em busca de um resultado prazeiroso para todos.
Estando numa cidadezinha serrana, observei a tenacidade com que as pequenas comunidades mostravam o fruto de um trabalho de muitos meses para a vitória de um desfile de três dias, coroado ou não por um prêmio. O esforço físico exigido dos homens que empurravam os carros alegóricos , que dançavam desajeitadamente no asfalto, era inacreditável.

Olhando da minha janela, constatei que a primeira escola , a desfilar já estava na concentração horas antes do início da festa, a repassar o samba e terminar os últimos retoques, enquanto a segunda repassava o seu samba , que dizia:
“ Eu canto, eu canto
E vivo a sorrir
Sou brasileiro, vem comigo
Falar do meu Brasil.
... ele se transformou nesta terra varonil.”
O que me trouxe à memória: “ Por que me ufano do meu país” dos anos da ditadura Vargas.
Subitamente, um temporal acompanhado de trovões, relâmpagos e raios , que se confundiam com os fogos soltos em momentos do desfile de cada escola, atingiram uma caixa de força que estourou, deixando a cidade às escuras, mas ninguém parava de cantar e dançar.

Como explicar essa espécie de transe em que os carnavalescos caiam, senão à força do sonho de uma liberdade que os protegia de um governo que os ignorava e nada tinha a ver com eles.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A RAÇA BRANCA...


A RAÇA BRANCA É SUPERIOR Á NEGRA

São dicotomias do terror:

a) PODER X SUBMISSÃO
b) DOMINADOR X DOMINADO
c) SUPERIOR X INFERIOR

Na relação entre seres humanos, observa-se a diferença do olhar de um para o outro. Embora criado à imagem e semelhança de Deus, o homem não é Deus.
Como imaginar que uma raça possa ser superior à outra, se acreditamos que somos iguais, embora cada um seja único.
O homem em seu orgulho é incapaz de perceber que entre seres da mesma espécie, as diferenças estabelecem níveis entre si mesmo e o seu semelhante. A diferença advém do modo como se percebem a si mesmos e da sua relação com o mundo em que vivem. Por que então o desejo de se consagrar superior ao seu próximo, apenas porque possui coisas que o outro ainda não obteve, não porque fosse incapaz mas por não ter tido as mesmas oportunidades ou por não dar o mesmo valor às coisas que o outro acha importantes e indispensáveis ao seu modo de viver.
Diante dos cataclismas da natureza como erupções vulcânicas, terremotos, maremotos, é que o homem se sente um ser indefeso, o menor pela sua fragilidade. Muitas vezes, ele é levado a guerras de extermínio em nome de uma superioridade inexistente, mas ignorada por ele. Se refletirmos sobre a Segunda Grande Guerra constataremos , com horror, que a crença de um grupo,que se acreditava pertencente a uma raça pura,ariana, poderia dominar o resto da humanidade, considerada inferior e portanto condenada ao extermínio.
Ah! Se os homens soubessem que, sendo o templo de Deus, jamais poderiam acreditar numa superioridade e numa dominação, que nada tem a ver com o amor que deve unir os diferentes ao descobrir a igualdade que os torna irmãos.